Na última década, enquanto a crise se fazia sentir por todo mundo, a economia angolana apresentou uma das maiores taxa de crescimento mundiais. Bastante afectada pela sua Guerra Civil que durou quase trinta anos, a antiga colónia portuguesa emergiu de uma forma surpreendente, apoiada pela riqueza e abundância de recursos naturais.
A necessidade de reconstrução e modernização do siste-ma produtivo, bem como da reabilitação das infra-estruturas, levou a que o governo angolano apostasse no Investimento Directo Estrangeiro (IDE). As empresas portuguesas, beneficiando de laços históricos, linguísticos e culturais comuns, têm explorado esta oportunidade.
O investimento na construção civil tem sido uma das prioridades angolanas. A reabilitação das infra-estruturas rodoviárias, hospitalares, de saneamento básico, de habitação, de distribuição de água e energia, etc, tem proporcionado uma grande oferta de trabalho e tem deslocado investimento português.
Os sectores primário e secundário, ainda que pouco explorados, têm um elevado potencial de crescimento devido à oferta dos recursos naturais. Ainda que afastadas do sector de petróleo e diamantes, as empresas portuguesas dispõem de um leque de oportunidades no território
angolano.
Contudo, problemas relacionados com a baixa qualificação generalizada, a qualidade e insuficiência de infra-estruturas, a corrupção dos dirigentes ou os elevados custos do investimento primário condicionam o investimento português no território angolano. A concorrência de países como o Brasil, a China ou Espanha são também factores a considerar.
Por outro lado, qualquer empresa financiada por investimento estrangeiro tem de empregar, pelo menos, 90% de mão-de-obra angolana. Esta política proteccionista demonstra que Angola compreende a necessidade de ajuda, mas entende-a como temporária.
A economia angolana, ainda que em crescimento, está muito debilitada. A dependência da exportação do petróleo e o elevado número de pessoas a viverem abaixo do limiar da pobreza condicionam o seu futuro. No entanto, as empresas portuguesas têm uma oportunidade única em investir num país tão rico em matérias-primas e com um carácter económico, cultural e social semelhante. Ambas as partes podem sair beneficiadas.
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